Gastrite - Tire suas dúvidas

Publicado em: 04/03/2013
Gastrite - Tire suas dúvidas

A gastrite é uma doença que atinge a camada que reveste o estômago, chamada mucosa gástrica, gerando uma inflamação na região. O problema pode ser causado por uma série de fatores, como abuso de bebida alcoólica, uso de medicamentos agressores à mucosa (principalmente os antiinflamatórios não hormonais, o ácido acetilsalicílico e os corticoides), refluxo biliar (quando a bile que deveria seguir para o intestino delgado flui para o estômago), infecções bacterianas ou virais e outras infecções mais raras.

O principal causador da gastrite crônica, no entanto, é o Helicobacter pylori, bactéria que coloniza a mucosa gástrica. Ela é transmitida principalmente pela via fecal-oral, ou seja, por alimentos crus contaminados, sendo a infecção crônica mais prevalente na população mundial.

A gastrite pode ser assintomática, principalmente na fase crônica. Nos casos de gastrite aguda, os principais sintomas são dor ou desconforto abdominal, queimação, náuseas, vômito, perda de apetite, má digestão e empachamento. Os quadros mais graves envolvem sangramento digestivo com presença de fezes escurecidas e malcheirosas (conhecidas por melena) ou vômito com sangue (hematêmese), fraqueza e anemia. Nestes casos, torna-se necessário a realização urgente de uma endoscopia digestiva alta.

O diagnóstico de gastrite é baseado na história clínica do paciente, pela presença de sintomas, uso de medicamentos, álcool e associação com outras doenças. A endoscopia digestiva alta é o exame mais empregado para o diagnóstico da gastrite. As alterações da mucosa gástrica vistas na endoscopia são classificadas de acordo com o tipo de gastrite, sua localização e intensidade.

Além disso, a endoscopia permite a realização de biópsias, a avaliação histológica da mucosa gástrica e a pesquisa do Helicobacter pylori. Esta bactéria também está relacionada à doença ulcerosa péptica, a um tipo linfoma que compromete a mucosa (conhecido como MALT) e, quando associada a outros fatores - como predisposição genética, álcool e cigarro –, pode desencadear o câncer gástrico.

A biópsia gástrica, quando indicada, pode distinguir entre os diversos tipos de gastrite aguda ou crônica. Já os exames como ultrassom ou radiografia do abdômen, por sua vez, podem excluir outras causas de dor abdominal como dor de origem biliar ou pancreática.

O tratamento é dirigido ao agente causador da gastrite. Assim, recomenda-se a suspensão de medicamentos com efeito lesivo à mucosa gástrica e abstinência alcoólica. Uma boa forma de também prevenir a doença é a melhoria das condições sanitárias e dos hábitos alimentares, tanto no preparo como na conservação dos alimentos.

O tratamento do Helicobacter pylori, por sua vez, ainda é controverso em pacientes com gastrite, sendo sugerido apenas para quadros mais graves. Nestes casos, o médico que acompanha o paciente geralmente recomenda o esquema tríplice, com dois antibióticos e um bloqueador de ácido durante uma semana. O tratamento da gastrite é baseado em medicamentos que reduzem ou inibem a secreção ácida, como os bloqueadores H2 e inibidores de bomba de prótons, ou protetores da mucosa gástrica e pró-cinéticos. 

Gastrite X Úlcera
Gastrite e úlcera são condições distintas. Apesar de também ter como principais fatores etiológicos o Helicobacter pylori e o uso constante de antiinflamatórios não hormonais, a úlcera gástrica é definida como uma lesão que atinge a camada muscular da parede do estômago , portanto, mais profunda que a gastrite.

Gastrite X Estresse
Algumas condições de estresse, como politraumatismos, cirurgias extensas, internações em unidade de terapia intensiva, infecções graves ou sepsis e queimaduras graves, entre outras, podem relacionar-se à lesão aguda da mucosa gástrica. Em todas estas situações, há predisposição ao desenvolvimento da gastrite, com lesões e sangramento digestivo. Portanto, é recomendável a utilização de protetores gástricos ou medicamentos que reduzam ou inibam a produção de ácido. Já o estresse do dia a dia pode levar a sintomas dispépticos, sendo considerado o diagnóstico de dispepsia funcional que provoca dor ou desconforto abdominal, persistente e/ou recorrente, com duração mínima de 12 semanas, sem evidência de doença orgânica.